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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Poemas modernos_ O sobrevivente


O Sobrevivente 
(Carlos Drummond de Andrade)

Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.

Impossível escrever um poema – uma linha que seja – de verdadeira poesia.

O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.

Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nível razoável de cultura.

Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoram e matam-se como percevejos.

Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema.)

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Comentários
As obras da literatura modernísta me fascinam por sua atualidade ao mesmo tempo que herdam características de outras escolas literárias passadas.Principalmente quando mescla romantismo e realismo moderno.

Nunca compreendi muito bem os poemas de Carlos Drummond de Andrade, para mim, acho que seus poemas são para quem tem linguajar avançado.Meio subjetivos,abstratos como uma obra cubista.
Mas em especial esse trecho de "O sobrevivente" me chamou a atenção, me fazendo lembrar de "Tempos modernos" de Charles Chaplin.

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