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quarta-feira, 3 de junho de 2009

E ainda tá difícil exercer cidadania?


Pois é. Abaixo mais um artigo retirado do livro já comentado na postagem anterior...

Como ensinar a dobradinha direitos-deveres

Quem convive com crianças ou adolescente sabe: mais cedo ou mais tarde eles reclamam- e quase sempre com muita eficiência- por aquilo que chamam de seus direitos. Explicitamente".Eu tenho o direito de me divertir", "Eu tenho o direito de escolher meus amigos", "Eu tenho o direito de decidir minha vida" e tantas outras frases desse tipo logo passam a fazer parte da lista de argumentos que eles usam em casa, quando se confrontam com os pais, ou na escola, quando entram em conflito com os professores.

* (Modéstia a parte, me idenfiquei pra caramba com essa análise... até quando isso vai acontecer né?!) *

Por outro lado, pais e professores vivem cobrando dos filhos e alunos o que chamam de obrigações: "Você tem a obrigação de voltar na hora combinada", "Você tem a obrigação de arrumar a cama quando levanta", "Você tem a obrigação de estudar", por exemplo.

* (Só?? Puxa pra mim eles falam o triplo sabe-se lá até quando também... será que menos que 30 anos??)*.

Uma das conclusões a que a criança e o adolescente chegam seguindo o caminho citado nos exemplos pode ser: o dever atrapalha o direito. O dever de chegar em casa na hora combinada previamente com os pais, por exemplo, atrapalha o direito de se divertir e decidir a própria vida.O dever de fazer a tarefa de casa limita o direito de escolher o que fazer.

Uma outra conclusão a que eles logo chegam é a de que o direito é interessante buscar e do dever, talvez valha mais a pena se esquivar.Nos dois casos, o que está colocado nada mais é do que um puro jogo de interesse individual. E é isso que o processo educativo provoca, ou seja, que os adolescentes e crianças vão construindo uma imagem bastante equivocada tanto da noção de direito e de dever quanto da relação entre elas. Quanto aos pais e professores que estiveram e/ou estão muitas vezes submetidos a esse modelo, eles estimulam, sem perceber ou querer, a confusão que tanto atrapalha a vida de todo mundo.

Afinal, como entender- e ensinar –que o conceito de dever e de direito são solidamente associados: Ou seja: que um não existe ou sobrevive sem o outro?Como relacionar direitos e deveres à vida em grupo, ao respeito ao outro e, assim, superar os interesses absolutamente pessoais que norteiam o início da vida?Como evitar a ideia de que deveres e direitos são forças opostas?

Talvez o primeiro passo seja ter clareza de que direitos e deveres são condições essenciais para a vida em grupo, para a convivência, e são constituídos, adquiridos. Direitos e deveres são fruto, portanto, da negociação, da relação com os outros e das regras que dela resultam. Essa pode ser a chave para introduzir a noção de direito e dever na relação educativa: ambos têm relação com a socialização- objetivo da educação- e também com o exercício da cidadania.

Exercer o papel educativo com autoridade significa introduzir aas crianças na vida em sociedade, com todas as contradições e desconfortos que isso supõe.Direitos e deveres impõem,sim, limites à vida de todos, e não só à das crianças e jovens. Mas, em compensação, tornam possível a autonomia e permitem que a convivência entre diferentes seja muito mais pacífica e solidária.

Rosely Sayão.Reproduzido do jornal Folha de S.Paulo.23/8/2001

Adaptado do livro "Novo Diálogo".


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